Segundo levantamento do Instituto Brasileiro da Cachaça, alemães importaram quase 3 milhões de litros da bebida no ano passado.
Exportação de cachaça aumentou 8,35% em 2011 |
Os exportadores de cachaça comemoram valores recordes de vendas em todo o mundo. De 2010 para 2011, o setor registrou um aumento de 8,35% no montante alcançado com as vendas, que bateu na casa dos 17,2 milhões de dólares no ano passado. Além da Alemanha, Bolívia (que compra 10,1% da cachaça exportada), Paraguai (8,7%), Portugal (8,3%) e Estados Unidos (5,5%) estão, respectivamente, entre os maiores importadores da aguardente de cana brasileira.
A boa imagem do Brasil no exterior – e, com ela, a aceitação da cachaça pelos paladares estrangeiros – é considerada um dos principais motivos para o chamado "boom da caipirinha". O caminho trilhado até que a brasileiríssima pinga se tornasse um sucesso de vendas no exterior não foi fácil. Leila Lopes, coordenadora de mercados internacionais da cachaça Pitu, conta que ao longo dos 42 anos de atuação na Alemanha foram necessárias algumas mudanças estratégicas para que a bebida ganhasse respeito e espaço nas prateleiras dos mercados do país.
"Inicialmente, a gente não oferecia uma embalagem diferenciada. Nossa cachaça era comercializada em garrafa comum de cerveja, por isso não era considerada apropriada para concorrer no mercado internacional", conta Lopes, explicando que desde os anos 1970 a bebida é exportada do Brasil, mas engarrafada na Alemanha
A boa imagem do Brasil ajudou no 'boom da caipirinha' no exterior |
Segundo ela, foi necessária outra adaptação na fórmula da bebida. "O produto no Brasil é adoçado. Já o exportado não é, por exigência do consumidor", revela. Surfando na boa onda de aceitação da bebida brasileira, o importador da Pitu na Alemanha – que, segundo Lopes, já responde por 64% do mercado alemão – oferece uma grande variedade de produtos, além da tradicional cachaça, com a marca da empresa: copo, socador, triturador de gelo, camiseta e até limão.
Classes A e B
O sucesso no exterior e os maiores investimentos na qualidade da cachaça vêm ajudando a bebida a conquistar novos e exigentes consumidores também dentro do próprio Brasil. Antes restrita às classes C e D, a cachaça vem sendo cada vez mais consumida pelas classes A e B, que consumiam mais vodka e uísque.
As marcas ganharam versões mais refinadas, como as envelhecidas em barris especiais, novas embalagens e sabores. As empresas passaram a investir mais em capacitação de mão de obra e marketing.
"Ainda não se serve cachaça num casamento no Brasil, por exemplo. Vemos que a bebida ainda é um pouco marginalizada no país", diz Leila Lopes. Confiante, porém, ela acredita que este é um cenário que, desde 2002, quando a cachaça recebeu um reconhecimento oficial do governo como produto típico brasileiro, está mudando.
Autora: Mariana Santos
Revisão: Soraia Vilela
Fonte: DW
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